quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mais uma noite do Clube da Cena

Eis que chegamos a sexta semana do Clube da Cena no Teatro das Artes no Shopping da Gávea.

Abaixo imagens das cenas que foram apresentadas na segunda, 6/12.

Amiga boa é lá do Acre, de Renata Mizrahi


 Mulher Gorila, de Jô Bilac


 Eu te amo, de Diego Molina, de Diego Molina


 Família Unida, de Leandro Muniz


 Ai, que crazy! , de Larissa Câmara


Ajudando você a se dar bem, de Ivan Fernandes

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E a noite ainda contou com a participação especialíssima de Narcisa Tamborindegui 



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Abaixo as cenas que o público escolheu, por votação, como as melhores da noite! Acessem os vídeos clicando no link!

AI, QUE CRAZY!
LARISSA  CÂMARA

MANCHETE: UM EM CADA CINCO AMERICANOS SOFRE DE DOENÇA MENTAL, DIZ ESTUDO. SITE G1- 19 DE NOVEMBRO
Personagens:
Tarcisa Sculacheby – uma personalidade da noite carioca. Entra levemente ébria e vai bebendo muito ao longo da entrevista até ficar bem bêbada. Extremamente afetada e alegre. Com uma larga gargalhada.

Clô Vilares – entrevistador cult respeitado. Que trata a entrevistadora com paciência e cavalheirismo até certo ponto.

(A cena é a de entrevista Tarcisa Sculacheby no programa do grande Clô Vilares. Tarcisa bebe e se exalta durante a entrevista)


Clô Vilares: Boa noite! Sejam bem-vindos a mais um programa do Clô. Hoje, eu Clô Vilares tenho a honra de entrevistar ela, que é uma rainha, um talento brilhante, uma estrela encantada da noite: Tarcisa Sculacheby. (tom) Aplausos.  (entra Tarcisa levemente trôpega os dois se cumprimentam)

Clô Vilares: Olá querida!

Tarcisa Sculacheby: Boa noite, Brasil! É uma alegria e uma honra estar aqui hoje. Clô eu trouxe um presente pra você.

Clô Vilares: Ai, que fofa! Um presente pra mim. Jura?

Tarcisa Sculacheby: Juro e também prometo. Está aqui o meu livro: Ai, que Crazy! (entrega o livro e bebe um gole de uma garrafa de bebida)

Clô Vilares: Obrigado! O nome do Livro é Ai, que Crazy!?

Tarcisa Sculacheby: Exatamente porque UMA COISA QUE ME DEIXOU. (grita) Ahhhhhhhh! (fala) Chocada. (tom. anuncia) UM EM CADA CINCO AMERICANOS SOFRE DE DOENÇA MENTAL, (para si) eu li na sala de espera do meu médico. (tom) Enfim... minha vida é super Crazy. Minha filha inclusive acha que eu devia andar com camisa de força.

Clô Vilares: Conta pra mim, Tarcisa. Quanto tempo você demorou pra escrever o livro?

Tarcisa Sculacheby: Aaaaaaaa...Uns 8 anos recolhendo histórias, eu reflito muito antes de escrever.... Sabe Clô, fico horas na frente do espelho... refletindo. (bebe um gole)

Clô Vilares: Nossa, que reflexiva! E o livro fala...

Tarcisa Sculacheby: O livro fala sobre essas loucuras do dia a dia: esses homens com cueca, quer dizer com dinheiro na cueca, e violência, Capitão Nascimento, Moisés que dividiu o mar em dois, super crazy, e passa pela roubalheira - corrupção que acaba em pizza... na pizzaria Guanabara, no Leblon.

Clô Vilares: O livro é bastante abrangente. São muitas as questões.

Tarcisa Sculacheby: Nossa muitas! Muitas amigas minhas que sofreram pequenos furtos no Leblon. Gente, Vocês não vão acreditar!? Mas não se pode mais andar com um colar de pérolas na orla. É um absurdo!

Clô Vilares: Realmente!

Tarcisa Sculacheby: E não é só isso... o trânsito que está um horror. Aquelas crianças sujas no sinal, credo! Por isso eu só ando de helicóptero. (ri muito) Dia desses fui dar um rasante com o helicóptero e por acidente cortei a franja da minha amiga... Nossa! Loyola ficou puta! Mas falei pra ela que o cabelo ficou ótimo, super style! (bebe um gole)

Clô Vilares: Então agora você também corta cabelo?

Tarcisa Sculacheby: Ai, eu corto um dobrado. (tom) Eu tive uma infância muito difícil.... eu fui criada na piscina do Copacabana Palace...

Clô Vilares: Oh, querida fala, bota pra fora!

Tarcisa Sculacheby: Sabe Clô, quando eu lembro do meu passado, eu lembro do que minha amiga Lady Di sempre dizia: Entrou no túnel não olhe pra trás! (bebe um gole)

Clô Vilares: Que bonito! Mas conta uma coisa só pra mim... Isso que você está bebendo é água?

Tarcisa Sculacheby: Não, meu amor é champagne... porque eu tenho condição. (bebe um gole)  Quer um golinho? É Veuve Clicquot. Porque eu tenho pavor de produto nacional de espumante a shampoo de Babosa. Credo!

Clô Vilares: Ai, Tarcisa você é uma figura!  Mas fale mais sobre o livro...

Tarcisa Sculacheby: Eu tenho pavor de produto nacional, quando eu vejo essas pobres passando creme de cupuaçu na cara me dá uma pena. O produto começa com cu... Não pode prestar, não é verdade? (bebe um gole. Segura o livro) Meu livro: Ai, que crazy! (tom) O nome é internacional!

Clô Vilares: Então, eu tive o prazer de conversar com a Tarcisa...

Tarcisa Sculacheby: Peraí! Eu ainda quero contar uma história linda e de transformação...

Clô Vilares: Pode contar!

Tarcisa Sculacheby: Clô, é uma história hilária: o dia em que minha casa pegou fogo! Gente, foi muito engraçado. Eu vi aquelas labaredas! Uma cor linda! E de repente aqueles bombeiros deliciosos. Aquela sirene! Aqueles homens correndo na minha direção.

Clô Vilares: E eu conversei com Tarcisa Sculacheby...

Tarcisa Sculacheby: Querido, eu não acabei de contar a história isso é falta de educação, tá?

Clô Vilares: A entrevista acabou!

Tarcisa Sculacheby: Acabou nada, seu viadinho babaca! Que meu pai pagou uma nota pra eu estar aqui. E eu quero contar do dia em que minha casa pegou fogo. (entra um homem vestido de segurança e retira ela do palco) Uns homens lindos e fortes correndo e me agarrando, aquela sirene, ai que delícia! Foi um dos dias mais felizes e tristes da minha vida. Foi uma loucura! (comercial) E o meu livro eu vou lançar no mundo todo: em Paris, Roma, na Índia, na África, Um beijo por pessoal do Congo! Meu carinho pra Tonga da Mironga do Cabuleté! Comprem o meu livro: Ai, que Crazy!

FIM


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MÚSICA AJUDA NA HORA DA PAQUERA, DIZ ESTUDO


AJUDANDO VOCÊ A SE DAR BEM

 De Ivan Fernandes

ANOS 50

Ele e ela no carro do drive-in.

ELA - Nossa, Ricardo. Nunca vim num drive-in. Muito romântico.

ELE - Você merece o especial. Eu roubei até um vinho lá da despensa do meu pai.

(brindam)

ELA - Eu não posso beber, quando bebo eu faço loucuras. (mesmo assim bebe. Ele atravessa o braço pelo banco, disfarçando, e tenta pegar nos peitos dela. Ela repele) Deixa começar o filme. Assim todo mundo repara. (pausa) Esse carro do seu pai, hein? Cheirinho de carro novo.

ELE - O velho é uma brasa.

ELA - Me dá mais um copo.

(vinheta de filme começando, tipo o leão da metro ou a da fox. Começa a tocar JAILHOUSE ROCK, de ELVIS PRESLEY)

ELA - Não acredito! Você me trouxe pra ver filme do Elvis??

ELE - Não gosta?

ELA - Se eu gosto? Eu amo! Eu sou fanática pro ele! (grita para a tela) ELVIS!

ELE - Menos, coração, assim a gente chama muita atenção. Olha, tanto faz o filme, compreendeu? O importante é que a gente tá aqui, com esse vinho, essa lua... você... eu...

ELA - E eu lá quero saber de você? Se enxerga, meu filho. Você não chega nem aos pés do Elvis!

ELE - Você também não é nenhuma Marilyn. Vem, abaixa a blusa.

ELA - Desiste! Em mim só quem toca é o Elvis! Eu fiz um juramento, entendeu? Eu amo o Elvis e jurei que seria só dele! (sai do carro gritando)
 EEELLLLVIIISS! Vem, eu sou sua! (ameaça tirar a roupa)

ELE (constrangido) – Eu nem conheço ela, hein, gente?


ANOS 60

ELA - Eu to meio assustada.

ELE - Não se preocupa. O lugar é barra pesada mas tudo tem um código, tudo depende de com quem você está. E você tá comigo.

ELA - Mas pra que a gente veio aqui?

ELE - Pra ouvir a melhor música da cidade. Só nos guetos que se encontra a grande música, entendeu, broto? A musica não combina com lugar certinho, careta, não!

Começa a tocar JAMES BROWN, PAPA’S GOT A BRAND NEW BAG

ELA - Nossa, a música é boa mesmo.

ELE – Isso aí é James Brown, o cara é dinamite, nitroglicerina, já foi preso um monte de vezes, dá porrada em todo mundo. Um careta nunca ia fazer uma música dessas.

Dançam um pouco. Entra um negão enorme e mal-encarado. Repara na menina e se aproxima sem ligar pro namorado.

ELA - Ricardo, acho que esse cara tá olhando pra mim.

ELE - É só você agir naturalmente. Como se você sempre viesse aqui. Esse é o segredo. Aí eles não incomodam.

(O negão começa a dançar também e vai se metendo no meio deles, tentando dançar com ela)

ELA - Ricardo, ele tá agindo naturalmente demais. Eu acho bom você falar com ele.

ELE - (hesitante) É... fala brother... black brother...

NEGÃO - (ameaçador) Posso dançar com a sua menina, “brother”?

ELE - É... sabe o que é... black brother... não é costume no meu povo...

NEGÃO – ( pega na camisa de Ricardo de forma intimidatória) Te devolvo ela em 15 minutos.

ELE- Bom, se você tá pedindo com tanto carinho...

ELA - Ricardo!

ELE - É o costume daqui, Elisa.

(o negão pega e dança com ela de forma totalmente sensual)

ELA - Nossa, essa música é boa mesmo.

ELE - Não se empolga, Elisa...

(O negão abraça Elisa e fala algo no ouvido dela. Ela ri)

ELA - Sabe o que é, Ricardo? O Michael – o nome dele é Michael – está nos convidando – aliás, me convidando – pra ver a vista lá no Bronx.

ELE - Mas que loucura é essa, Elisa? Lá é perigoso!

ELA - Quê que tem? Não é você que detesta lugar certinho e careta?

NEGÃO - Te devolvo ela em... duas horas.

ELE - Se você tá pedindo com carinho...

(saem. Ricardo recobra a valentia)

ELE - Vê lá, hein? Duas horas e nem um minuto a mais!



ANOS 70

ELA - Nossa! Então essa é a famosa Dancin’ Days!

ELE - Garçom! Duas cuba libre com vodka importada!

ELA - Ricardo! Importado é muito caro!

ELE - Você merece o especial. Essa noite a gente vai dançar até se esbaldar!

ELA - Esbaldar nada! Temos que voltar cedo!

ELE - Por que?

ELA - O ônibus acaba às onze!

ELE - A gente volta de táxi!

ELA - Sabe quanto é que dá um táxi daqui até o Lins, Ricardo? Depois das onze é bandeira 2! Aliás acho que os taxistas daqui nem devem saber onde fica o Lins.

(música: STAYNG ALIVE, dos BEE GEES)

ELE - Esquece isso, amor, vem dançar.

ELA - Você também não presta né, Ricardo, sabe que eu adoro essa música... essa música me dá vontade de... de...

ELE - De que, coração?

ELA - De fazer loucuras...

(dançam. Ele não sabe dançar, nota-se. Entra o mesmo ator da cena anterior, vestido de John Travolta em embalos de sábado à noite, e arrasa na dança)

ELA - Amor, olha, o John Travolta!

ELE - Só se for o John Travolta depois da malária.

ELA - Deixa de ser maldoso. Ele dança igualzinho ao John Travolta. E olhando bem... ele até parece um pouco o John Travolta.

(o “Travolta”, dançando, faz sinal pra ela)

ELA - Ele tá me chamando, Ricardo.

ELE - Fica quieta, Elisa. Esse negócio de dar pinta no salão é um fracasso, logo vão ver que gente é do Lins.

ELA - Ai, que custa, Ricardo, a gente nunca vem aqui, eu adoro embalos de sábado à noite.

ELE - Mas o embalo era comigo!

ELA - Ah, você não sabe dançar. Não igual ao John Travolta.

(vai dançar com o “Travolta”, de forma sensual)

ELE - Elisa... eu estou aqui...

ELA - Ai, Ricardo, obrigada por me apresentar o lado bom da vida... nunca mais quero saber do Lins... não me espera pra voltar.

(sai dançando com o Travolta)

ELE - Pelo menos economizei o táxi...


ANOS 80

Música: B’52’s LEGAL TENDER

ELE - Passei dois dias dormindo na fila pra pegar ingresso pro Rock’n’Rio. Valeu a pena. A Elisa é a maior fã de new wave! E pra ir ao show do B-52’s vai ter que sair comigo. (toca a campainha da casa dela. Elisa abre) Eu não prometi que conseguia os ingressos? Toda a cidade quer ir ao show. Passei maior perrengue, mas você merece.

ELA - Não precisava, Ricardo.

ELE - Quê isso, Elisa. Você merece o especial.

ELA - Eu sei. Mas é que new wave já saiu de moda! A moda agora é uma coisa raiz.

ELE - Raiz? Tipo assim, aipim frito?

ELA - A moda agora é lambada.

(entra: “CHORANDO SE FOI”, KAOMA.  )

ELE - De onde vêm essa música?

ELA - É que eu tô tendo aula particular de lambada pra não fazer feio na pista. Sabe dançar?

ELE - Só sei dançar new wave.

ELA - Nerd.  

ELE - Mas e o ingresso do show?

ELA - Troca por uma aula de lambada. Aí quem sabe um dia eu saio com você.

o instrutor de lambada (o mesmo das cenas anteriores) aparece e enlaça Elisa por trás.

ELA - Agora dá licença que você tá atrapalhando minha aula.

(dançam lambada e vão saindo)

ELE – Acho que eu prefiro aipim frito...


ANOS 90
Música: “SMELLS LIKE TEEN SPIRIT”, NIRVANA

ELE - Esse Kurt Cobain é fodão.

ELA - Só!

ELE - Olha como o cara tá doidão, veio. Cuspindo no palco.

ELA - Massa!

ELE - Rock’n’roll é isso. Sangue na veia.

ELA - Só.

ELE - Sabe, esse é um momento especial. Pode ser a última vez que a gente vê o Cobain vivo.

ELA - Massa.

ELE - Eu te trouxe aqui no show por um motivo.

ELA - Só.

ELE – Eu... gosto de você.

ela vomita nele.


ANOS 2000

Música BABY DE JUSTIN BIEBER

ELE - Cabelo de Justin Bieber, maquiagem de Justin Bieber, roupa de Justin Bieber; eu estou pronto pra me dar bem com a Elisa. (ela entra)
Oi Elisa, sabia que eu acabei de fundar um cover do Justin Bieber? E aprendi todas as coreografias! (dança) Vou me apresentar hoje depois da aula no auditório.

ELA - Justin Bieber é coisa de criança. Eu já amadureci, Ricardo. Vê se cresce.

ELE - Mas toda garota do colégio quer namorar o Justin.

ELA - Toda garota virgem, você quer dizer. O Justin não passa de um viadinho. Inofensivo. A propósito, deixa eu te apresentar minha namorada, Sheila.
(entra Sheila, tatuada e com  casaco de couro) Ela não é A CARA da Pitty?

VOZ LOCUTOR: - Rock’n’roll. Há mais de 60 anos ajudando você a se dar bem.




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