quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

última semana do Clube da Cena no Teatro das Artes

Última semana do Clube da Cena no Teatro das Artes.

Mais uma vez, foi uma belíssima temporada, com cenas interessantes e o talento das pessoas envolvidas no projeto!

Abaixo, uma pequena amostra do que foi a noite de segunda-feira, 13/12.

 Megalo Family de CRISTINA FAGUNDES 
Com Bia Guedes e Cecília Hoeltz 
Direção Michel Bercovitch
 

 E mande a Mídia à merda de LEANDRO MUNIZ 
Com Cristina Fagundes e Luis Lobianco 
Direção Breno Sanches


 O Velho Bill de IVAN FERNANDES 
Com Alex Nader e João Rodrigo Ostrower 
Direção Vini Messias


Nas alturas de RENATA MIZRAHI 
Com Marcelo Dias e Mariana Costa Pinto 
Direção Wendell Bendelack


 A Mulher que equilibrava um cubo de metal na cabeça de JÔ BILAC 
Com Mariana Santos e Marcelo Assumpção 
Direção Alexandre Bordallo


 A Odisséia de CÉSAR AMORIM 
Com Zé Auro Travassos e Priscila Assum 
Direção Lincoln Vargas

***

E abaixo as cenas que o público escolheu para ir para o youtube!

Clique no link e veja o resultado da cena.


A MULHER QUE EQUILIBRAVA UM CUBO DE METAL NA CABEÇA de Jô Bilac
Júlio: cara de quem não gosta de tomar banho, jovem, interessante.
Kid: Cabelos escovados, mais charmosa que bonita.

(Lanchonete barata da rodoviária Novo Rio, numa mesinha no canto Júlio, chupando distraidamente o restinho de refrigerante na sua garrafa. Tudo o que têm coube em sua mochila jeans manchada. Surge, Kid, vai até ele.)

Kid: (seca) Antes que você diga alguma coisa, eu queria deixar bem claro que está tudo acabado entre nós. Que não há mais nada a ser feito e que nossa história não passou de um rabisco descuidado que demorou a ser apagado. Não, por favor, não diga nada. Isso só faria piorar as coisas. Suas palavras pra mim, agora seriam a conclusão do fracasso da nossa incapacidade de aceitação do que é feito da vida. Tem certas coisas que devemos simplesmente fingir que nunca aconteceram, é melhor assim. No futuro, quando eu lembrar de você, será como buscar em mim uma sombra trêmula que no primeiro feixe de luz, se desfez, assim como tudo o que havia entre nós. Ontem cedo, quando eu voltava da sua casa, o sinal fechou. Do ônibus, vi uma mulher equilibrando um cubo de metal, distraindo os motoristas com sua performance quase que hipnótica. Eu Pensei em nós dois. Eu sou essa mulher e você é o meu cubo de metal que até agora eu exibia, numa tentativa inútil de equilíbrio. Foi tão triste, que tive vontade de chorar, daí eu achei lindo. Lindo demais. Eu, chorando. Muito poético. Foi quando eu percebi que em mim havia algo de belo e nobre, que por mais que eu quisesse tentar, jamais seria abafado: A minha capacidade de amar. Isso é mais que suficiente para aceitar um novo amanhecer, repleto de possibilidades. Percebi que você, assim como os outros, não me ama de fato, fica impressionado _ encantado... _ com a minha intensidade em amar e com isso vaidoso, aceita o meu amor. O amor está em mim, e por isso não se esgota. Acredito na força do amor, sendo assim me vejo forte e concreta. Acredito na vontade de mudar as coisas. Na intensidade de uma paixão. Na tristeza de uma desilusão. Contudo, não acredito no que possa derivar do nosso encontro. Amor de aceitação é amor bolorento, paralítico, é desamor. Amor que resseca, racha a boca de frio, amor desprovido de amor. Amor de aceitação não tem gosto, não tem dente pra morder, nem língua pra chupar. Amor de aceitação é amor envenenado, cancerígeno. Eu te liberto do meu desamor. Júlio: você não foi um erro. Mas Por favor, não me procure mais. Júlio: esqueça de mim, uma vez por todas. Júlio... Adeus. (sai)

(Tempo)

(Kid volta. Senta-se na mesa com Júlio)

(Os dois se encaram)

(Júlio sem nenhuma reação. Como se a alma tivesse escapado pelo ouvido)

Kid: (pegando uma carteira de cigarro na bolsa) Você tá legal, cara?

(sem resposta)

Kid: ? (oferece o maço)

(sem resposta)

Kid: (natural) Quer um copo dágua com açúcar? Não sei... Uma dose... Eu posso pedir pra você.

(sem resposta)

Kid: Não? Nada? Ok. (acende seu cigarro) Posso fazer sua garrafinha de cinzeiro?

(sem resposta)

Kid: (tirando da bolsa uma revistinha de palavras cruzadas. Rabisca algumas coisas nela. )

(tempo)

Kid: (retida numa palavra) Epizeuxe... O que é (numa careta) Epizeuxe?

(sem resposta)

Kid: (repara no rapaz) Olha, não fica assim: não ia dar certo. Vai por mim, não é o fim do mundo. Não esquenta a cabeça com isso. Eu sei que fui um pouco fria e direta, mas espero que você compreenda as circunstâncias... (traga violenta) Você vai pra serra, né? Tá levando casaco? Ta uma friagem de congelar diabo. Eu gosto da serra... Acho a serra tranqüila, longe dessa selvageria toda, essa matança de leão diária... Às vezes eu fico Exausta... Dá vontade de largar tudo e ir pra um lugar longe, sabe? Mas paciência! Eu não tenho tempo nem pra trocar essa porcaria de sapato! (ri sem entusiasmo) Comprei semana passada, uma fortuna!, mas me aperta até a alma, ta dando calo lá! Mania, né. Meu número é 37, mas têm uns 36 que dão certinhos, depende da fôrma. Mas é um inferno, se eu pudesse ficava o dia todo de molho, só na maré mansa, mas daí to lascada, ainda mais se...

Júlio: (corta, num fiapo de voz) Por que você tá fazendo isso comigo?

(silêncio)

Kid: (tragada reflexiva, pra organizar o pensamento) Olha Júlio... Eu já estou bem descolada nesse enredo, levei muitos chutes na bunda, mas também já dei tantos... Nunca é gostoso, muito menos quando é a nossa bunda que está em jogo... Mas que remédio? Coloca gelo em cima e parte pra outra. É espinhoso e nem quero diminuir o que você está sentindo. Mas se existe alguém que quer ser feliz e que percebeu que o lance desandou, não tem como evitar.

Júlio: (quase infantil) Mas por que assim? Desse jeito? Agora... Estava tudo certo pra viagem, tudo tranqüilo, organizado, tudo bem...

Kid: Aí é que tá. Você pensava que estava tudo bem. Mas você não teve a sensibilidade de perceber o que de fato estava acontecendo. Poxa, Júlio. Faz um esforço.

Júlio: Mas eu não queria que isso acontecesse, juro.

Kid: Sabe qual é o problema, é que vocês homens nunca verbalizam o que sentem, não dá pra adivinhar o que o outro está pensando, certo?

Júlio: Certo, mas eu também não podia adivinhar a proporção disso...

Kid: (discando novamente o telefone) Pára Júlio. É claro que você sabia. Você só não queria admitir pra você mesmo...

Júlio: Não é verdade...

Kid: É verdade sim. Sua tristeza tem mais haver com vaidade, orgulho ferido do que outra coisa.

Júlio: Você me acha um poço de frieza.

Kid: Eu só acho que você perdeu algumas oportunidades pra demonstrar o contrário.

Júlio: E você é a dona da verdade, capaz de adivinhar pelo brilho do olhar do outro o que realmente está sentindo! Incrível! Olha, eu realmente estou muito surpreso! Você é fantástica! O que vê nos meus olhos agora, héin?

Kid: Ironia gratuita como forma de defesa. Natural, estamos avançando na escala dos rejeitados!

Júlio: Você se acha muito esperta, né... Mas eu olho pra você e vejo uma mulher que não sabe nada a respeito de amor e que tem um discurso muito do chinfrim à respeito de tudo! Porque se...

Kid: Se meu pai fosse mulher eu teria duas mães! Agora fecha o bico, porque pra mim isso também não está sendo nada fácil!

(tempo)

Kid: (disca violenta o telefone. Atendem. ) Boa tarde, aqui é Kid Bauhaus do “Falamos por você”, com quem eu falo? (__ ) Oi Camila... O seu pedido foi concluído com sucesso e aguardamos o depósito do restante do pagamento. (__) Sim... (__) Não. (__) Evidentemente... Ok. Pra confirmar: Agencia 033, número da conta 145 3367 830. Repetindo: Agencia 033, número da conta 145 3367 830. Assim que o depósito for efetuado, a devolução dos bens será concluída imediatamente.(__) Imagina, “Falamos por você” é que agradece a preferência e lhe deseja uma boa tarde. (desliga)

Júlio: (com um brilho no olhar) Era a Camila?

Kid: (seca) Sim.

Júlio: Ela perguntou por mim?

Kid: (contundente) Não.

Júlio: ( murcho) Por que ela não quer falar comigo? Por que ela não veio aqui me ver...

Kid: (cruel) Porque ela NÃO QUER! Por isso contratou os serviços do “Falamos por você”. Ela não quer te ver nem pintado de ouro!

Júlio: Vocês retêm os bens dela?

Kid: Não é da sua conta.

Júlio: (puxa violento o braço de Kid) Escuta aqui moça, não tira farinha com aminha cara! Respeito é bom e eu gosto.

Kid: Vai fazer o que? Me agredir?Estou sendo agredida! Estou sendo agredida! (

(ele solta o braço dela)

Kid: Pro seu governo, os bens são dela sim, mas foram dados por você. Assim que ela nos pagar, estaremos enviando para o seu endereço. Se ela não pagar, ficamos com tudo, aí você processa a Camila, manda prender e etc.

Júlio: (tomando-se de uma agitação violenta) Estou me lixando pra essa porcaria!

Kid: Tá nervosinho, tira as calças pela cabeça, mas não vem com grosseria pro meu lado.

Júlio: Escuta aqui...

Kid: Escuta aqui você, meu camarada. Eu estou fazendo o meu serviço e não tenho nada haver com o que você pensa ou deixa de pensar. NÃO ESTOU INTERESSADA!

(silêncio)
(silêncio)
(silêncio)

Júlio: Desculpa...

Kid: (ignora) Sabe se por aqui tem ônibus pra Pavuna?

Júlio: Não.

Kid: Nào tem ou você não sabe?

Júlio: Não sei...

(tempo)

Kid: To com  medo... Esse lance  de colocarem fogo em ônibus...Sei não... Pavuna... É chão... O Prefeito falou pra gente não ter medo...mas ele não pega ônibus pra Pavuna... O povo é que paga o pa...

Júlio: (corta) Quanto ela pagou...?

Kid: Não discuto isso com terceiros.

Júlio: 350 pratas. Com sinal de 100. Eu já vi o anuncio de vocês nos jornais.

Kid: (seca) Pois é. Verbalizar o que se está sentindo pode custar caro.

Júlio: Mas esse preço é porque se trata de um rompimento. Declarações de amor são mais baratas. Não são?

Kid: Se sabe por que tá perguntando?

Júlio: Quase ninguém mais faz declarações de amor hoje em dia, ou se faz fala na lata, não precisa de ninguém pra falar por elas _ neguinho não está disposto a torrar grana com declaração de amor_ então vocês baixam o preço, faz promoção...

Kid: É mais simples: fazendo esse papel me arrisco em levar um soco na fuça. Daí cobro mais caro.

Júlio: Não é só isso... Não é fácil romper. Seja lá qual for a natureza desse rompimento. É preciso ser profissional pra fazer sem sofrer. (muda o tom) Você sabe o que exatamente ela está devolvendo...?

Kid: (ainda arredia, tira a contragosto um a lista de sua bolsa) Um disco do Paul Simon, quatro ursos de pelúcia, uma camiseta azul marinho com estampa de veleiro, dois shorts de algodão, um casaco verde musgo com zíper, (Júlio vai se encolhendo, e ä medida em que a lista avança , minguando ainda mais. Tudo muito triste.) uma camisa de manga comprida preta, um colar prateado com pingente de golfinho, um chinelo de dedos de borracha, cinco livros da coleção “Grandes Filósofos”, a biografia do John Lennon, o mapa de Londres, dois óculos : sendo um escuro e outro de grau, com a lente esquerda quebrada, um tênis branco encardido, uma máscara de carnaval, uma lata de achocolatado, uma miniatura do Chaplin, duas calças jeans puídas na barra, uma jaqueta jeans faltando dois botões, o carregador do seu celular, dezenove fotografias suas_ variando entre férias, datas festivas e uma da infância_ uma caneca de cerâmica da cor bordô, uma Polaroid quebrada , uma calça de moletom cinza, um batom ameixa, seis anjinhos de porcelana, uma escova de dentes com cerdas macias e um isqueiro pequeno vermelho .

Júlio: (perdido) O que é que eu vou fazer agora...?

Kid: Vai pra serra. Vai passar... Se não passar, aqui está o meu cartão, pedidos de “Volta pra mim” sempre rola um desconto... Não me olhe assim, ganho por comissão. (faz que vai sair, ele a interpela)

Júlio: Espera.

(ela volta-se)

Júlio: (tira do bolso umas notas de dinheiro) Eu compro.

Kid: O que?

Júlio: Uma declaração de amor. Eu compro.

Kid: Não é assim, você tem que ligar pra agência, marcar hora, deixar seus dados...

Júlio: Não! Eu quero agora... Eu preciso agora. Eu pago. Por favor.

Kid: (suspira) É pra Camila? Porque se for, eu acho...

Júlio: Pra mim. Eu quero comprar uma declaração de amor pra mim mesmo.

Kid: Acho que não vai dar...

Júlio: Não pode comprar uma declaração de amor pra si mesmo? (tempo) Por favor... Faz isso por mim...

Kid: ( pensa. Por fim se decide. Respira fundo. Pega o dinheiro. Olha nos olhos do rapaz)
Não quero amar desesperadamente, contudo, desesperadamente já te amo. O amor caiu como uma rocha gigantesca em minha cabeça. Esmagadoramente : Já te amo. Te amo por imaginar no que você possa me dizer, te amo por reconhecer seu cheiro mesmo sem nunca ter te cheirado, te amo por saborear seu gosto em minha boca mesmo sem nunca em ti ter provado, te amo por questionar o que deve estar se passando por sua cabeça agora, se gosta de café, se já foi a Buenos Aires, se tem alergia a camarão, se prefere frio ou calor... Te amo por imaginar a série de coisas que possa me ensinar, te amo pela lindeza do que sinto por você, pois só você foi capaz de despertar em mim essa força tamanha que desconheço, que me orgulha e que me entristece...........muito. Me entristece por perceber que te amar em sonho é por enquanto tudo o que posso fazer.
Amo à queima roupa. Amo assim, loucamente, ansiosamente, já com saudade de amar. Amo você por toda a sinceridade que existe em nosso amor, amo você por te querer tanto, por aguardar silenciosamente o seu sorriso pra mim. Amo você, amo você, amo você....

(ele vai até ela e de supetão lasca um beijo )

(ela o empurra e o esbofeteia. Os dois se encaram)

(desejo incontrolável, ela o agarra e vem um beijo cinematográfico.)

(Ficam por ali se beijando deliciosamente......... Em poucos instantes já não é mais possível vê-los no meio da multidão)

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LEANDRO MUNIZ
SITE TERRA.COM – 26 DE NOVEMBRO


E mande a mídia à merda
Leandro Muniz



HOMEM e MULHER estão sentados em um bar.

HOMEM
Então Michele... Eu te trouxe até aqui, porque eu preciso falar uma coisa muito séria.

MULHER
Fala.


Pausa.

MULHER
Tá sem coragem, né? Foi a manchete de jornal que você leu, não foi? Fala! Ficou impressionado com a manchete e tá mudado comigo!

HOMEM
Você tá enganada. Não tem a ver com aquela notícia que acabou de apareceu no telão. Mas sim com esta.


Homem mostra um jornal para MULHER.


MULHER (lendo)
Mulheres com “ch” no nome são mais infiéis, diz pesquisa?

HOMEM
Eu não confio mais em você Michele.

MULHER
Pelo amor de Deus, Washington! Você não pode se deixar influenciar por tudo que você lê e ouve por aí.

HOMEM
É uma pesquisa embasada...

MULHER
Desde que começamos a namorar você deixa as pessoas se meterem na nossa vida.

HOMEM
Uma pesquisa séria, minuciosa...

MULHER (meiga)
Você muda de opinião como quem espirra meu amor. Para de se preocupar desse jeito com as opiniões alheias. Olha pra mim (o pega pelo braço) Não vamos deixar a mídia controlar as nossas vidas. Promete?

HOMEM
Eu não sei se consigo Michele. Olha aqui.

HOMEM pega uma pasta, começa a tirar jornais e revistas de dentro dela e a lê-las.

HOMEM (lendo)

MULHER
O que você está insinuando?

HOMEM
Olha essa outra Michele: “Mulheres que tem o nome começado com a letra ‘m’, seguida de ‘i’, costumam roubar namorados quando eles estão dormindo”.

MULHER
Mas isso é um absurdo! Isso é um tablóide sensacionalista!

HOMEM
E essa aqui? “Mulheres que têm a letra ‘m’ seguida de ‘i’, mais ‘ch’ e não tem ‘a’ no final, estão propensas a assassinar pessoas no trânsito em dias de chuva”.

MULHER
Isso não prova nada! Você não vê que isso é mais um exagero da mídia, uma fantasia? E nem é tão específico assim, como você pode acreditar?

HOMEM
Ah, tem essa: “Mulheres que chamam Michele, que namoram homens de nome Washington, (que tem  cabelo liso curto, de roupa azul...etc...Descrever fisicamente a atriz da cena...) e que tentam com veemência mudar a opinião do namorado por ele acreditar demais em manchetes de jornais que  a comprometem e revelam sua personalidade, não são confiáveis e devem ser evitadas”.

MULHER ( chocada, pega o jornal das mãos dele)
Quem escreveu isso? Olha, Washington. Eu sinceramente, não sei mais o que fazer. Você está impressionado com a imprensa brasileira, é só isso.

HOMEM
Desculpe Michele. Mas eles estão apenas fazendo o trabalho deles.

MULHER
Então é isso? É assim que vai acabar tudo? Já se decidiu?

Mulher começa a chorar.


HOMEM
Peraí, Michele. Calma.

MULHER
Não, não fico calma não! Quando o Elerson veio fazer fofoca sua, dizendo que você tinha pegado a Mirtes, eu acreditei? Hein Washington? Não, eu não acreditei porque confio em você.

HOMEM
Fez bem, eu não tenho nada com a Mirtes.

MULHER
Pois bem. No dia que seu tio, insinuou que tinha te pego no flagra... Aquela história de você pelado com seu primo na piscina dançando música lenta, eu acreditei? Não Washington, eu não acreditei.

HOMEM
Fez bem, porque eu não sou homossexual.

MULHER
O dia em que eu te vi mexendo nas minhas coisas, no dia seguinte que tinha sumido cinquenta reais da minha carteira e logo depois reapareceu do nada na minha bolsa, e você me disse que não tinha sido você, eu acreditei não foi?

HOMEM
É, você acreditou. Mas fez bem, eu tava só procurando um trident.

MULHER
Tá certo Washington. E no dia que você tava arrastando aquele corpo dentro de um saco plástico, deixando um rastro de sangue na sala da sua casa, e disse que era apenas pra ajudar sua irmã na aula de anatomia dela, que era só um corpo usado nas aulas da faculdade, mesmo ele tendo gemido e eu escutei Washington! Eu acreditei em você, não acreditei?

HOMEM
Acreditou Michele, mas...

MULHER
Eu sou companheira, apoio você em tudo, tudo! E você me retribui como? Me jogando essas manchetes de jornal na cara?

HOMEM
Não, Michele...

MULHER
É isso mesmo! Você é um ingrato safado, bissexual, assassino e ladrão, é isso que você é!

HOMEM
Michele, por favor, não se descontrole.

MULHER
Quem tá descontrolada aqui seu cretino, estelionatário, bicha louca enrustida, matador de aluguel?

HOMEM
Michele, pare com isso. Você não tem provas!

MULHER
E você tem alguma? Só porque saiu no jornal não prova nada Washington! Nada! Nada! Prova nada!

MULHER pega as revistas de Washington e começa a jogar tudo pra cima, rasgar algumas, jogar nele...etc...

HOMEM
Para com isso Michele.

MULHER
Eu te amo Washington, diz que não vai me largar!

HOMEM
Eu acho melhor você se acalmar e conversamos outra hora.

MULHER
Eu quero resolver isso agora!

MULHER pega um arma da bolsa e aponta para HOMEM.

HOMEM
Que isso Michele?

MULHER
Uma arma cenográfica. ( ps: isso é só uma piada, é bom que a arma pareça de verdade)

HOMEM
Você não faria isso, faria?

MULHER
Você não vai me largar Washington, vai?

HOMEM
Abaixa essa arma!

MULHER
Eu te amo Washington!

HOMEM
Então larga a arma e vamos conversar.

MULHER
Não. Você já se decidiu e eu já me decidi!

HOMEM
Larga a arma Michele!

MULHER
Eu odeio a mídia!

MULHER atira em HOMEM que cai. MULHER se arrepende e corre em direção ao corpo.

MULHER (chorando)
Washington? Washington? A arma funcionou?Não!  Washington?


Passagem de tempo ( pode ser um Black out)
Entram dois homens, um deles está lendo o jornal.

HOMEM 1
Jair?
HOMEM 2
Oi.
HOMEM 1
Escuta essa aqui: “Mulher mata namorado por causa de fim de namoro. Michele de Oliveira atirou no namorado com uma arma cenográfica achando que ele não morreria. Testemunhas afirmam que ela gritou ‘eu odeio a mídia’ e se arrependeu depois de ter dado três tiros no sujeito. Presa, ela o acusou de roubá-la, sumir com um cadáver e manter pederastias com os primos.

HOMEM 2
Esse pessoal não sabe mais o que inventar pra vender jornal.

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