quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A noite do Cazuza

Mais uma noite do Clube da Cena Unplugged. Dessa vez o compositor que serviu de inspiração foi Cazuza.

Abaixo uma palhinha dessa noite "exagerada" (todas as fotos de Bárbara Campos).

A PRIMEIRA VEZ QUE EU DISSE EU TE AMO, de Renata Mizrahi
música TODO AMOR QUE HOUVER NESSA VIDA
com Mariana Santos e Marcelo Dias
direção Luis Otávio Talu




 

ESTAÇÃO CENTRAL de Ivan Fernandes – música UM TREM PRAS ESTRELAS
com Cristina Fagundes e Zé Auro Travassos – direção Alexandre Bordallo



 
SUPEROVER de Cristina Fagundes – música EXAGERADO
com Marcelo Lima e Maíra Kesten – direção Cico Caseira


AQUELE GAROTO QUE IA MUDAR O MUNDO de Carla Faour – música IDEOLOGIA
com Bia Guedes e Luis Lobianco – direção Renato Livera


 


O QUE DIZER de César Amorim – música POR QUE QUE A GENTE É ASSIM?
com Mariana Consoli e José Alessandro – direção Wendell Bendelack


 


EU PRECISO DIZER QUE TE AMO de Regiana Antonini – música EU PRECISO DIZER QUE TE AMO
com Alexandre Barros e Thaís Lopes – direção Lincoln Vargas



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E o público elegeu como as cenas mais legais da noite, Aquele garoto que ia mudar o mundo e O que dizer.

Clique aqui para ver no youtube Aquele garoto que ia mudar o mundo.

Clique aqui para ver O que dizer.

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Agora pra vocês, os textos na íntegra dessas suas cenas:

O QUE DIZER?
(Inspirado na música “Por que a gente é assim?”)
De César Amorim.
SOM DE BOATE. WANDERLÉA TENTA FALAR COM ZUZA, UM GAY MUITO CHAPADO, QUE DANÇA LOUCAMENTE. ELE BEBE UÍSQUE; ELA, COCA-COLA.
Importante: os trechos de fala retirados das músicas não precisam ser cantados, melhor que sejam ditos como falas.
WANDERLÉA – Vem cá, Zuza! Por favor, me diz. Você pode me ajudar?
ZUZA – Mulher, deixa ver se entendi tua história. Você ia casar, mas o melhor amigo do teu namorado se declarou pra você na hora do casamento e você não casou. Sua cachorra morreu... ai, meus pêsames, eu a-m-a-v-a a Sarah Jéssica... Então, a coitadinha morreu e, na hora do enterro dela, um homem aparece do nada e diz que te ama loucamente. Você, muito prudentemente, mata ele.
WANDERLÉA – Ele me atacou. Legítima defesa!
ZUZA – Não me interrompa, se não vou ter que começar tudo de novo, que nem os meninos de Olinda. Então, voltando, você matou o seu admirador e a única testemunha do assassinato foi o homem que te vendeu as flores pro enterro da Sarah Jéssica. Tá tudo certo até aqui?
WANDERLÉA – Certíssimo.
ZUZA – E, claro, como nada na sua vida é simples, esse florista era um vampiro, que nasceu há dez mil anos atrás, e que também te perseguia porque você é a amada eterna dele. Ou seja, você tá exalando sexo.
WANDERLÉA – Você acredita em mim, não acredita?
ZUZA – Minha linda, vou te falar com pureza d’alma. Nesse exato momento, eu tou igual a Amy Winehouse minutos antes do passamento, ou seja, com alucinógenos até a alma. E, ainda assim, é difícil acreditar nessa tua história. Depois eu é que sou exagerado, né?
WANDERLÉA – Mas é a pura verdade, amigo. Me dá uma luz. O que é que eu faço?
ZUZA – Wandeca, minha rainha fofa, só tenho um conselho pra te dar: se joga. Aproveita essa vibe, tá entendendo? Tua vida sempre foi um saco, certinha pra caralho, toda regradinha. Tu nunca fumou umzinho, que eu tou sabendo, nunca nem bebeu álcool, então dá uma guinada, mulher.
WANDERLÉA – Do que é que você tá falando, Zuza? Eu matei um homem!
ZUZA – Cara, isso é demais! A tua vida girou 360 graus.
WANDERLÉA – 180.
ZUZA – Ai, que saco, você sempre limitada. O que é que custa girar 360? Não se limita. Agora é o momento de você aproveitar essa onda e cair pra dentro, sacou? Cair matando.
WANDERLÉA – Que cair matando o quê! Eu tou fudida, Zuza!
ZUZA – E isso é lindo! Cara, pensa, tu vai mudar. Não, tu já tá mudada. Tá com uma cara de maluca que é uma delícia de se ver. Se eu não te conhecesse bem ia te perguntar quem é o teu fornecedor. Isso que tá acontecendo contigo é o universo te dizendo pra partir pra outra, pra mudar a rota, pra deixar de caretisse e se entregar.
WANDERLÉA – Me entregar? Ai, não, eu não quero ser presa.
ZUZA – Porra, não é pra se entregar pra polícia, caralho. Se entrega a essa sensação nova. A essa adrenalina, a essa incerteza do amanhã. Vive o agora, tá me entendendo? E vai fugindo até te pegarem. Corre pelo mundo, voa, mergulha, faz alguma coisa de radical. Pensa assim, que tu tem uma doença terminal e que tem que aproveitar cada minuto de vida que te resta. Tou até arrepiado, gente. Vai ser lindo demais. Vai te dar um barato que tu não tem noção.
WANDERLÉA – Eu não tenho estrutura, Zuza.
ZUZA – Tem estrutura sim! Que papo é esse? Pensa comigo: tu já é uma assassina mesmo. Já fudeu com a vida de um coitado maluco que te amava. Já deixou o otário do Erasmo no altar. Se depois de tudo isso não tiver estrutura, trata de ter. Aproveita essa novidade na tua vida e muda ela. Tu já vai fazer 30 anos, mulher. Tá na hora de dar uma pirada.
WANDERLÉA – Não, tá na hora de me casar.
ZUZA – Deixa de ser chata, porra! Casar é o caralho, caceta! Que mania é essa de casar? E, quer saber, acho muito difícil. Nem sei como a anta do Erasmo te quis.
WANDERLÉA – O quê?
ZUZA – Amiga, você precisa ser forte. Eu preciso te dizer umas verdades. Vai doer? Ah, vai, mas pensa que faz parte do teu processo evolutivo. Seguinte: ninguém te gosta, Wandeca. Você só atrai gente maluca. E, perdão, amiga, mas, tirando teus admiradores esquisitos, todo mundo fala barbaridades de você.
WANDERLÉA – Todo mundo? Quem é todo mundo?
ZUZA – Pessoas que te conheceram e que te acharam o supra sumo da chatisse na terra.
WANDERLÉA – Gente, mas eu sempre sou tão fofa com todo mundo... e gosto tanto de tanta gente...
ZUZA – Mas tu fala demais, mulher. E é muito monotemática. Só fala em casamento, no homem perfeito, em casar antes dos 30... Ou seja, você é um porre! Se tu saísse do teu corpo um pouquinho, se perdesse o controle um tantinho que fosse, e se observasse de fora, tu ia ter uma noção do real significado da palavra “insuportável”.
WANDERLÉA – Nossa... eu tou tendo agora o real significado da palavra “depressão”. Zuza, eu tenho amigos e eles gostam de mim.
ZUZA – Amigos virtuais! E, pelo que você me contou, a maioria deles nem existem de verdade, foram fabricados pelo psicopata que você matou.
WANDERLÉA – Mas eu tenho você...
ZUZA – Sim, meu amor, você me tem. Mas sabe por quê? Por que eu te conheço desde criança. E te amo verdadeiramente. E vou te ser sincero, se te conhecesse hoje, ia pensar duas vezes se me aproximava de você.
WANDERLÉA – O que é que você tá bebendo aí? O soro da verdade?
ZUZA – Não, o soro da amizade. Ui, ficou piegas isso. Mas é isso mesmo. E olha pra você. Quase trinta anos e tomando coca-cola! Tu nunca tomou um porre na vida, mulher. E ainda é atriz. Como assim? E ainda dá aulas de teatro. Como assim? Fico imaginando que tipo de atores você tá produzindo. Ator certinho, meu bem, só o Tony Ramos. Essa vida é louca, é breve, deixa que ela te leve. Perde o controle e curte um pouco.
WANDERLÉA PENSA UM POUCO, DEPOIS ARRANCA O COPO DE UÍSQUE DAS MÃOS DE ZUZA E BEBE TUDO DE UMA VEZ.
WANDERLÉA – Tá olhando o quê?
ZUZA – Mais uma dose?
WANDERLÉA – É claro que eu tou a fim.
SOBE A MÚSICA. ZUZA PEGA UMA GARRAFA DE UÍSQUE E ELES COMEÇAM A BEBER E A DANÇAR MUITO. PASSAGEM DE TEMPO.
ZUZA – Aí eu falei no palanque da passeata gay: Brasil, mostra a tua cara!
SOBE MÚSICA. PASSAGEM DE TEMPO. ESTÃO MAIS BÊBADOS.
ZUZA – Eu queria ouvir de um homem assim: Você é o amor da minha vida. Daqui até a eternidade.
WANDERLÉA – Eu ouvi.
ZUZA – De vampiro não vale.
SOBE MÚSICA. PASSAGEM DE TEMPO. MAIS BÊBADOS AINDA.
ZUZA – Sabe o que você tem que fazer, Wandeca? Declarar guerra a quem finge te amar.
WANDERLÉA – Eu já comecei. Já matei um.
ZUZA – Ai, como você tá bandida!
ELES GARGALHAM. PASSAGEM DE TEMPO. MUITO MAIS BÊBADOS.
ENTRA RITA, UMA MULHER COM CABELO VERMELHO, MUITO CHAPADA TAMBÉM, QUE NÃO FALA COISA COM COISA.
ZUZA – Olha a Rita ali! Rita!! O que é que você tá fazendo aqui?
RITA – Eu arrombei a festa, meu bem. (Para Wanderléa): Chega mais. Chega mais.
WANDERLÉA SE APROXIMA.
RITA – Tu soube que suspenderam os jardins da babilônia?
WANDERLÉA – Oi?
RITA – Quem pode, pode. Deixa os acomodados que se incomodem.
ZUZA – Cara, tu tá muito linda. Maior luz.
RITA – Baila comigo?
WANDERLÉA – Eu?
ZUZA – Vai, boba. Se joga.
RITA – Eu conheço essa cara, esse jeito, essa cara de louca... Gata borralheira, você é princesa...
WANDERLÉA – E a princesa aqui procura um príncipe, não outra princesa, tá? Dá licença.
RITA – O sexo frágil não foge à luta.
WANDERLÉA – Zuza, sossega essa mulher.
RITA – Vem cá, meu bem, me descola um carinho. Eu só sossego com beijinho.
WANDERLÉA – Zuza! Ela tá me cantando!
ZUZA – A Rita é assim, vai morrer cantando.
RITA – Ok, já entendi. Desculpe o auê. Eu não queria magoar você.
RITA SAI.
WANDERLÉA – Ela tá muito...
ZUZA – Feliz. Essa é a vida que eu quis. Era tudo o que eu queria.
WANDERLÉA – E eu queria tanta coisa. Queria que essa noite nunca tivesse fim. Ai, Zuza, não tou legal. Por favor, fica comigo e não desgruda de mim. E me diz... por que é que a gente é assim?
SOBE UMA MÚSICA BEM DANÇANTE. ELES SE ABRAÇAM E DANÇAM COLADOS, COMO SE FOSSE UMA MÚSICA LENTA.
FIM.


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MÚSICA: IDEOLOGIA  - carla faour
CENA: AQUELE GAROTO QUE IA MUDAR O MUNDO.

CENA 1 – SALA DA CASA. INT. DIA

MENINO BRINCA ENQUANTO A MÃE FALA AO TELEFONE.
PAULINHO - O Super Homem vai acabar com os bandidos! Pow! Pow! Pow!
MÃE - Estou tremendo até agora, Ricardo. Precisa ver a confusão que tá aqui na rua. Polícia, sirene... tão dizendo que ele estava encapuzado. Coisa de profissional, mesmo.
PAULINHO - Eu tenho super poderes!
MÃE - O Paulinho tá bem. Agitado, mas bem.
PAULINHO - Não tenho super poderes, mãe? Mãe! Manhê!
MÃE - Nessas horas é importante a figura do pai, pra dar segurança. Que horas você vai passar pra pegar ele?
PAULINHO - Manhê, eu tenho super poderes?
MÃE - Tem, Paulinho. Tem sim.
PAULINHO - Oba! Eu tenho super poderes!
MÃE - Não vem? Como assim, Ricardo? De novo? Não acredito!
PAULINHO - Super visão de raio x! Super força! Vou matar todos os meus inimigos! Arrancar a cabeça de todos eles! Estourar os miolos!
PAULINHO SOBE NOS MÓVEIS FAZENDO BARULHO DE TIRO.
PAULINHO – POW! POW!
MÃE - Desce daí! Não, Ricardo, estou falando com seu filho. Vem cá, onde você tá, hem? Que barulheira é essa? Ocupado? Sei! Sei muito bem qual é a sua ocupação. (p/ Paulinho) Já disse pra você descer! Você vai se machucar, menino! Eu não acredito que, justo hoje, você não vem buscar ele! É o fim da picada!
PAULINHO - Mãe, se eu me machucar o Super Homem vem me salvar?
MÃE - Se você se machucar a sua “super mãe” vai te levar pro hospital. Porque o seu pai... Ué, qual o problema? Eu estou mentindo, Ricardo? Ele só tem a mãe mesmo, por que o pai... Sabe há quanto tempo você não vê o Paulinho?
PAULINHO - Quem é mais forte, mãe? Meu pai ou o Super Homem?
MÃE - Com certeza o Super Homem. (p/ Ricardo) É por isso que ele está com problemas na escola. É a falta da figura paterna. Eu o quê? Estou colocando o seu filho contra você? Ah, me poupe! Ricardo, eu não quero discutir isso na frente do. Paulinho, vai pro seu quarto, vai meu filho.
PAULINHO - Mas por quê?
MÃE - Por que eu quero!
PAULINHO - Mas eu...
MÃE – Eu estou mandando. Vai estudar. Já fez o seu dever de casa? Vai fazer o dever de casa. (P/ Paulinho)
PAULINHO – Pôxa, mãe.
MÃE - Agora! (p/ Ricardo)
PAULINHO - Aposto que o Super Homem nunca estudou.
MÃE - Aposto que você não vem pegar seu filho porque tá aí na farra, não é Ricardo? Na galinhagem...
MÃE CONTINUA CONVERSANDO COM PAI AO TELEFONE. PAULINHO VAI PARA O QUARTO FALANDO.
PAULINHO - Vou matar todos os impostores! Todos! Um por um! Tchum! Tchum! Vou arrancar os olhos deles. De todos os ladrões e malfeitores!
MÃE - Você pensa que ele não percebe o que tá acontecendo. Como “o quê”? Tudo! Ele sabe que você não dá menor bola pra ele... 
CENA 2 – QUARTO DE PAULINHO. INT. DIA.
PAULINHO ENTRA NO QUARTO E DÁ DE CARA COM UM HOMEM ENCAPUZADO, VESTIDO COM A ROUPA DO SUPER HOMEM. O HOMEM ESTÁ NERVOSO, ELE SEGURA UMA ARMA. AO SEU LADO, UM SACO COM OBJETOS ROUBADOS. O HOMEM ESTÁ DE TOCAIA, OLHANDO PELA JANELA, TENTANDO VER OQUE ESTÁ ACONTECENDO NA RUA.
PAULINHO – (LEVA UM SUSTO) Super homem?!
SUPER HOMEM - Shuuu! Cala a boca!
PAULINHO - Não acredito! O que você está fazendo aqui? Caraca, o Super Homem no meu quarto!
SUPER HOMEM - Se você der um pio, eu acabo contigo.
PAULINHO - Comigo? O que foi que eu fiz?
SUPER HOMEM – Nasceu!
PAULINHO - Ah, já sei! Já sei o que você tá fazendo aqui. Você veio prender os bandidos! Uhuu! (PAULINHO PROCURA ENTRE SEUS BRINQUEDOS UMA ARMA)
SUPER HOMEM – O que você está fazendo? O que é isso?
PAULINHO – Tô procurando a minha  arma. O meu revólver. Eu vou te ajudar a prender os ladrões.
SUPER HOMEM FICA NERVOSO E APONTA A ARMA DE VERDADE PRA ELE.
SUPER HOMEM – Larga isso! Quer dar uma de engraçadinho comigo, é? Se você fizer alguma coisa eu atiro, pivete.
PAULINHO – Calma, Super Homem eu só quero ajudar. Nós estamos do mesmo lado. Do lado dos fracos e oprimidos!
SUPER HOMEM – Me passa essa arma. Já disse, a arma! (SUPER HOMEM PEGA E VÊ QUE É UMA ARMA DE BRINQUEDO JOGA EM CIMA DA CAMA).
PAULINHO – Foi meu pai que me deu.
SUPER HOMEM - Cala a boca! Tem bebida aqui?
PAULINHO - Serve o toddynho da minha merenda?
SUPER HOMEM VAI ATÉ A JANELA PRA TENTAR VER ALGUMA COISA.
SUPER HOMEM –  Droga, eu tenho que arrumar um jeito de sair. Você viu se a policia ainda tá rondando?
PAULINHO – Não vi, não. Mas se você quiser eu chamo a polícia. Quer?
SUPER HOMEM – Não! Tá maluco?
PAULINHO – Bem que eu estava achando estranho. O Super Homem nunca precisou da ajuda dos tiras. Você resolve tudo sozinho, não é Super?
SUPER HOMEM – É... é isso mesmo.
SUPER HOMEM OLHA PELA JANELA NOVAMENTE. O GAROTO SE APROXIMA DO SACO. DE ONDE TIRA CELULAR, MÁQUINA FOTOGRÁFICA.
PAULINHO - Que saco é esse? Você trouxe presente pra mim?
SUPER HOMEM - Caralho! Não mexe nisso!
PAULINHO - Você fala palavrão, Super homem? Minha mãe diz que é feio falar palavrão.
SUPER HOMEM - Tira a mão daí! Tu quer morrer?
PAULINHO - Ninguém morre ao lado do Super homem!
SUPER HOMEM – Que mala...
PAULINHO - Você acha que nós estamos correndo perigo de vida?
SUPER HOMEM - Você está.
PAULINHO - Eu? (T) Manhê!
SUPER HOMEM - Shuuuu! Porra, moleque!
A MÃE GRITA DA SALA
MÃE - Que foi, Paulinho?
PAULINHO - O Super Homem tá falando palavrão.
SUPER HOMEM – Shuuuu!
MÃE - Paulinho, me dá uma folga, tá bom? Seu pai me estressou de um modo que eu estou toda tremendo por dentro.
SUPER – Agora você vai ficar de bico calado. Estamos entendidos?
PAULINHO - Vem cá. Vou te mostrar uma coisa. Promete que não conta pra ninguém?
PAULINHO MOSTRA GARRAFAS DE CACHAÇA ESCONDIDAS DEBAIXO DA CAMA OU NUMA CAIXA.
SUPER HOMEM -  Porra, tava escondendo o jogo, garoto?
PAULINHO – É tudo do meu pai. Ele me pediu pra guardar segredo.  Mas pra você eu posso contar, né? Afinal, você é o Super Homem.
SUPER HOMEM ABRE A GARRAFA E BEBE A CACHAÇA.
PAULINHO - Você bebe que nem o meu pai.
SUPER HOMEM - Teu pai deve ser gente boa.
PAULINHO - Minha mãe não acha!
SUPER HOMEM – Liga não, mulher é tudo igual.
BARULHO DE SIRENE.
SUPER HOMEM – Merda! Vem cá, garoto.
PAULINHO - O que você vai fazer?
SUPER HOMEM – Nós... nós vamos dar uma volta.
PAULINHO – Volta? Nós dois? Que maneiro! Eu vou voar? Caramba! Eu vou voar com o Super homem. Nós vamos prender os bandidos? Quando eu contar ninguém vai acreditar. Cadê a sua máquina?
SUPER HOMEM -  Que máquina?
PAULINHO – A máquina de tirar foto que tá dentro do saco. Eu quero uma foto com você. Eu e o Super Homem.
SIRENE DE POLÍCIA SE APROXIMA. SUPER HOMEM SE AGITA.
SUPER HOMEM – Foto a gente deixa pra depois, mas voar... Voar eu prometo que você vai.
PAULINHO – Que maneiro...
SUPER HOMEM PEGA O GAROTO, COLOCA A ARMA NA CABEÇA DELE E  SAI GRITANDO.
SUPER HOMEM - Se fizerem alguma coisa eu atiro no moleque! Não tô de brincadeira, não! Mando ele pro espaço! Tão me entendendo? Pro espaço!
SUPER HOMEM – (BAIXINHO P/ PAULINHO) Eu não disse, que a gente ia voar, garoto?
PAULINHO – Super Homem, quando eu crescer quero ser igual a você.
FIM.

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