segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Quinta noite do Clube da Cena Redes Sociais

E a quinta noite do Clube das Cenas Redes Sociais foi assim.





1.     ACERTO DE CONTAS,  de Cristina Fagundes   – Post Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.
Com Rita Fischer e Marcella Leal – direção Léo Castro





2.     AMIZADE VERDADEIRA, de César Amorim  – Post Não gosto do namorado da minha melhor amiga, como lidar?
              Mariana Costa Pinto e Marcello Gonçalves   – direção Andy Gercker  





3.     LEVE-ME AO SEU LÍDER, de Ivan Fernandes  – Post Um dia o cara tava em casa, coçando o saco e pensou: ah, vou ser flanelinha!
        Com Zé Guilherme Guimarães, Cristina Fagundes e Jorge Neves – direção Carmen Frenzel  

      

4.     CONTATO É TUDO NESSA VIDA, de Paula Rocha  – Post E não me diga que anjos não existem que eu dou o endereço de pelo menos uns 3 que eu conheço.
Com Marcelo Lima, Alex Nader, Renato Albuquerque e Bruno Pêgo – direção Bruno Bacelar
  


  
5.     VIA DE MÃO DUPLA, de Bruno Bacelar  – Post Pimenta no cú dos outros é refresco.  
Com João Velho e Bia Guedes  – direção Fernando Melvin



  
6.      CLUBE DAS PEDRAS, de Diego Molina – Post Minha mãe me botava para brincar com pedrinhas... Coitada de mim!
 Com Bruno Bacelar, Mariana Consoli, Ana Paula Novellino, Adressa Koetz, Adriana Bengzi Paulo Eduardo Campos e Marcella Leal  – direção Raul Franco


--------

Nossos músicos: Aldo Mederios e Maria Thalita de Paula.


------

E assista no youtube as duas cenas mais votadas pelo público.

Primeiro lugar: VIA DE MÃO DUPLA, de Bruno Bacelar  


Segundo lugar: LEVE-ME AO SEU LÍDER, de Ivan Fernandes  



-------------------------

Textos das cenas mais votadas.


Via de Mão Dupla, de Bruno Bacelar


(Quarto. Casal entra excitado se agarrando).

Ela – Ai amor, eu estou cada dia gostando mais de você...

Ele – Eu também, amor! Tô morrendo de tesão...

Ela – Um mês de namoro! Está tudo tão maravilhoso...

Ele – Um mês já, né? Seu zíper tá emperrado, é?

Ela – Eu queria te fazer um pedido...

Ele – Pede o que quiser amor: peça a lua que eu te dou!

Ela – Jura?

Ele – Claro amor! Onde tá a camisinha...

Ela – Ai, estou tão excitada!

Ele – Também... Já tô com o saco doendo...

Ela – Eu quero te comer.

Ele – Oi?

Ela – Eu quero te comer.

Ele (pausa. Ri aliviado) – Ah, tá! Você quer me comer no sentido figurado: Me devorar! Me possuir... Safadinha! É claro que você pode! Me devora! (se joga na cama)

Ela – Não amor. Eu quero te comer no sentido literal, mesmo.

Ele – Sentido literal?

Ela – É. Te penetrar.

Ele – Me penetrar?

Ela – Tá com problema de audição?

Ele – Não. E você está louca?

Ela – Não. Por que estaria?

Ele – (irritado) Por quê?!? Porque você disse com a maior tranquilidade do mundo que, que quer, me, me...

Ela - Comer! Eu quero te comer! Ih... (aborrecida)

Ele – Ih digo eu! Quer me comer... Não seja ridícula! Me comer como? Pode me dizer? Eu tenho o brinquedo de armar! Você tem o brinquedo de abrir... Lembra?

(Enquanto ele fala o texto acima ela tira da bolsa um cinturão com pênis, ou outro tipo de consolo. Quando ele dá de cara com o membro, se assusta).
Ele – Aiiii!  Você trouxe um pênis...

Ela – Uma caceta e tanto, não acha?

Ele – Pelo amor de Deus...

Ela – Olha a bitola da chapeleta (admira)

Ele – Para com isso...

Ela – Tala larga...

Ele – Mulher!!!!

Ela – Eu chamo carinhosamente de “Chapoca”.

Ele – Você tá com o diabo no corpo. Só pode ser...

Ela – Deixa de ser retrógrado, homem? Vamos lá... Vai ser bom... 

Ele – Vai ser bom... O caralho, que vai...

Ela – Caralho? Opa! Tá aqui...

Ele – Eu sou homem, mulher...

Ela – Sim. E???

Ele – E daí que, que a minha via só sai, entendeu? Via de mão única! Só sai...

Ela – Mas que bobagem, amor! Pensamento de classe média! (carinhosa) Você sabia que essa era uma prática normal na Grécia antiga? Beijo grego! Anilingus...

Ele – Anilingus!?

Ela – Cunete, língua lá... (faz linguinha ilustrativa)

Ele – Cruzes...

Ela – Na Grécia Antiga eles faziam de tudo...

Ele – Ah, tá? E na Grécia Antiga já existia o, Chapoca? Fala sério...

Ela – Chapoca não... Mas o Dildo!

Ele – Dildo?

Ela – (persuasiva) Sim. Dildo: falos de madeira com vinte centímetros!

Ele – Vinte centímetros?!

Ela – Como o Chapoca...

Ele – Quer dizer que os gregos, os pais da civilização ocidental, mandavam uma tora de vinte centímetros pra dentro?

Ela – Com azeite para facilitar o processo...

Ele – Por isso se chamava Dildo... De “fulDildo” (riso frouxo c a própria piada. Percebe quão tosca foi a piada e se recompõe)

Ela – Na Pré História eram de pedra...

Ele – Puta que pariu...

Ela – Poxa amor, deixa vai! Olha como eu tô excitada... ( vem c/Chapoca p/ ele)

Ele – Sai para lá.

Ela – O meu último namorado, antes de você, adorava, sabia?

Ele – Ah sei... Gostava tanto que deu no pé...

Ela – Eu larguei ele...

Ele – Ah é? Por quê?

Ela – Ah, sabe como é! Se apegou demais... Grudou, sabe? Detesto grude...

Ele – Hum...

Ela – Depois que eu apresentei o Chapoca para ele, não queria outra vida...

Ele – Ah, então você já usou “ele” em outro... ? Ai, que merda...

Ela – Não tinha não...

Ele – O quê?

Ela – Merda. Eu usava preservativo!

Ele – Preservativo?! Onde?!

Ela – No Chapoca!

Ele – No Chapoca?! (risinho) Mas é o quê? Medo de engravidar o ex?

Ela – Não. Uma questão de higiene. (ele não entende) É que o Chapoca é feito de material poroso... (Olhar expressivo dela. Ele entende. Ele faz cara de nojinho).

Ela – Eu até achei que aquele grude todo era mero fascínio pelo falo. Tentei resolver deixando ele alguns momentos a sós com o Chapoca.

Ele – Sozinho com a geba? Mas como é que ele... fazia?

Ela – Adaptei uma ventosa na base dele.

Ele – Oi?

Ela – Ventosa, amor: molha com um pouquinho de água, gruda na parede, e depois e só fazer a carreira solo! (movimentos ilustrativos. Ele passado). Enfim, meu amor! Aquele sim era um cara sem preconceitos...

Ele – Eu não tenho preconceitos... Só não quero dar...

Ela – Mas de comer você gosta!

Ele – Bem...

Ela – Pensa comigo: se é bom para você, vai ser bom para mim também, concorda?

Ele – Para você... sei lá... Para mim vai ser péssimo!

Ela – (irritando-se gradativamente) Ah, então se é péssimo para você, concluo que você imaginava que era péssimo para mim também...

Ele - Não é isso, meu amor...

Ela - (irritando-se gradativamente) Uma vez que cu e boca não tem sexo. 

Ele – É... de fato não tem...

Ela - (irritando-se gradativamente) A partir desta constatação entendo que você pouco se fodia comigo, e que só queria me foder, em todos os sentidos...

Ele – Calma, benzinho...

Ela - (muito irritada) Porque afinal de contas, piroca no cu dos outros é refresco, não é, seu filho da puta???

Ele – Porra mulher, caralho! (ela chora)

Ele - (pensa) Quer dizer, vai tomar no cu, que merda! (ela chora mais)

Ele - (pensa) Cu... merda... Não, não... Enfim! Você tá me deixando louco com essa conversa! (pensa) Quer saber... faz aí o que você quiser! (abaixa a calça e fica na “posição”) Feliz um mês de namoro! Divirta-se.

Ela – (olha e pensa) Ah, cara... Agora ficou difícil!

Ele – Oi?

Ele – Rolou muita incompreensão, muito preconceito, muita ignorância da sua parte... Estou abaladíssima!

Ele – Não tô entendendo...

Ela – Olha cara, vou precisar de um tempo para digerir tudo isso! Rolou muita energia bizarra! Acabou com o clima! Olha só, (aponta Chapoca) brochei!

Ele – Você tá de sacanagem...

Ela – (dando um beijo no rosto dele) Qualquer coisa te cutuco no face! Bjos. (sai)

(Ele a acompanha com o olhar. Fica inicialmente sem ação. Pensa. Pega o celular. Liga. Aguarda.).

Ele – Alô? Grandão! Fala primão! Preciso que você venha aqui em casa agora... (ouve) O quê? Não! Sabe o que é... Você quer conhecer mais sobre a Grécia?

FIM


------


Leve-me Ao Seu Líder, de Ivan Fernandes

De Ivan Fernandes

Música de ficção científica (2001 – uma odisséia no espaço). Entram dois alienígenas. Olham em volta meio perdidos.
1 – Tem certeza que Saturno é aqui?
2 – O GPS disse que é aqui. O GPS não falha.
1 – Sei não. Saturno não tinha um anel em volta? Você lembra de ter passado algum anel? E as 9 luas? Só to vendo uma!
2 – Como você é detalhista! Desse jeito só vamos acabar a missão no próximo milênio! Eu quero sair da via láctea antes da hora do rush! Amanhã é feriado sideral e você sabe como aquilo fica cheio!
1 – É mesmo, é melhor a gente se apressar. 
(vão sair do palco, mas são abordados por um flanelinha)
F – Ô patrão! Patrão! Tô aqui tomando conta, valeu? Podeixar solto!
1 – Veja! Um local!
2 – Mas o que ele tá dizendo? Acione o tradutor intergaláctico!
1 – O tradutor não reconhece a linguagem! Deve ser algum dialeto!
F – Nossa, esse carrão enorme ali atrás é o de vocês? Que marca é? É importado? Vocês tem muita coragem de andar com uma máquina dessas por aqui. Mas pode ficar tranquilo que comigo olhando, ninguém tira farofa. Só vou pedir a vocês um trocadinho pra vigiar o carro, pra garantir o leitinho das criança... e o pagamento é adiantado. Qualquer cinquenta conto tá bom...
2 – Parece que ele quer alguma coisa...
1 – Vou checar o procedimento de boas vindas padrão em Saturno. (checa. Estende as mão com os dedos em V, separados, igual ao Spock de Jornada nas Estrelas) Vida longa e próspera!  
F – Ih, cumpadi, que caô é esse? Se não pagar e o carro aparecer arranhado, não vem reclamar depois..
2 – Acho que a saudação não funcionou muito...
1 – Não é possível! É a saudação clássica dos saturnianos!
2 – Ah não ser que o GPS esteja errado... (para o Flanelinha) Nobre alienígena, pode nos informar onde é que nós estamos?
F - Tão perdido? Logo vi, com essa cara de gringo... pra onde vocês tão indo? 
1 e 2 – Saturno!
F – Onde? Nunca ouvi falar!
1 e 2 se olham desolados.
2 – Viu só? estamos perdidos!
1 – Então de onde você vem?
F – Do Turano! Olha, se vocês não acharem aí esse tal de Saturno, eu indico o baile lá do Turano que é o maior pancadão! Até os gringo perde a linha!
1 – Turano? Deixe-me olhar no guia. (consulta) Nenhuma referência! E agora? Toda a nossa missão está perdida! 
2 – Perdida? Jamais! Vamos agir aqui mesmo, depois a gente bota no formulário que é Saturno. Eles não vão vir até aqui pra confirmar.
1 – Vamos seguir então. (para o flanelinha) Leve-me ao seu líder!
F – Como é que é, patrão? 
2 – O líder aí desse Turano!
F – O dono do morro? Ih, aí complica... O homem não recebe ninguém assim sem avisar... e aí pode sujar pra mim... pra que vocês querem falar com ele?
1 – Nós somos representantes do planeta Klypton, situado na galáxia de Melnor, na saída à esquerda da via láctea.
2 – Estamos fazendo uma pesquisa pra saber como se vive aqui no seu planeta.
F – E essa pesquisa só pode ser com ele? Faz comigo mesmo! 
1 – Você é um líder?
F – Eu? Bom, posso não ser um líder, mas assim mesmo lá em casa todos meus amigos, meus camaradinhas me respeitam... 
(1 e 2 se olham, se consultam)
1 – Tá bom, vamos em frente, já tamos fodidos mesmo...
2 – Qual a fonte de poder do seu planeta?
F – Pô, essa é difícil, hein, patrão? Já saí da escola há tanto tempo que... Deixa eu pensar! 
1 – (dando pista) Em alguns planetas, é a água...
F – Não, se ainda fosse cerveja...
2 – (dando pista) Em outros, é o ar...
F – Também não... Ah, já sei! É o carro!
1 – Aquilo que vocês usam pra se mover?
F – Um carro é muito mais que isso, patrão! Serve pra ostentar, pra tirar onda, pra fazer pega, pra ir a praia, pra ir pra night, pra correr na velocidade da luz...
2 – Então eles já tem velocidade da luz...
F - Pra comer mulher... 
1 – (anotando) Carro serve para acasalamento da espécie... 
2 – E todo mundo tem carro aqui?
F- Todo mundo não! Só alguém! 
1 – O que é alguém?
F – Aqui tem dois tipos de gente. Alguém e ninguém. Quem tem carro, é alguém. Que não tem, é ninguém. Pro ninguém, tem um carro maior, quase do tamanho desse seu aí. Aí enfiam todos os ninguéns nesse carro maior, que vai parando de ponto em ponto pra levar todo mundo.
2 – E o ninguém pode se acasalar?
F – Poder pode, doutor, o difícil é conseguir! As fêmeas escolhem o macho pelo carro... como se fosse a plumagem do passarinho...
1 – Mas de onde a gente vem, só usamos o carro pra deslocamentos longos... de um planeta pra outro, de uma galáxia pra outra...
F – Ah, não! Aqui, quem tem carro usa até pra atravessar a rua. Imagina ser visto sem carro! Vai ser confundido com ninguém!
2 – De onde a gente vem, a preferência é de quem não tem carro. 
F – Ah, mas aqui também! Preferência de se foder, de ir à merda, à puta que pariu, e de morrer atropelado. E é bem feito! Quem mandou se meter na frente do carro? Esse negócio de faixa de pedestre, é ditadura comunista!
1 – Mas então, o ninguém que não tem carro não tem direito a nada?
F – Mais ou menos. O carro é de vocês, a rua é nossa. E pra estacionar, tem que pagar.É aí que entra o meu negócio, patrão. 
2 – Então quem é alguém, tem que pagar a você pra estacionar?
F – Pro ninguém aqui! Tão todos na minha mão! Até que eu junte dinheiro, compre um carro e vire alguém! Aí vou ficar na mão de outro ninguém!
1 e 2 se olham
1 – Já achamos o que precisávamos...
F – Agora só falta o adiantamento...
2 saca uma pistola de raios e imobiliza o flanelinha.
2 – Se os mais poderosos tem que pagar a ele, então ele é o mais poderoso... 
1 - Rápido, leve ele até o nosso disco. Eu vou assumir o lugar. Ninguém vai perceber, e em breve, teremos dominado todo o planeta dos alguéns e dos ninguéns... 
2 sai carregando o flanelinha congelado. Barulho de carro.
1 – Aí vem um alguém! Como é que ele falava mesmo? (imita) Ô patrão! Patrão! Tô aqui tomando conta, valeu? Podeixar solto! Só vou pedir a vocês um trocadinho pra vigiar o carro, pra garantir o leitinho das criança... e o pagamento é adiantado. Qualquer cinquenta conto tá bom...


FIM




Nenhum comentário:

Postar um comentário